“Advento nos convida a nos preparamos para acolher Cristo”, diz Cardeal

segunda-feira, 28 de novembro de 2011 Diego Tales


Ontem, 27, foi o 1º domingo do Advento. Para marcar o início de tão importante período para a Igreja Católica, o arcebispo de Aparecida, São Paulo, e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Cardeal Dom Raymundo Damasceno Assis, presidiu às 8h, no Altar Central do Santuário Nacional, uma Celebração Eucarística. Em sua homilia, o purpurado explicou que o advento marca para os cristãos o início de um ano novo litúrgico e que neste novo ano o evangelho de destaque será o de São Marcos.
Dom Raymundo destacou ainda que o tempo do advento convida a todos a prepararem-se para a celebração natalina em uma dupla prospectiva. "Na primeira parte do tempo do advento a liturgia convida-nos a nos preparamos para acolher o Cristo que virá no fim dos tempo e levará à plenitude o seu reino ( ...)", disse. Já na segunda parte, que compreende a última semana, antes do Natal, "a liturgia nos convida a contemplar e meditar sobre o mistério da encarnação, o nascimento de Jesus, a primeira vindo do Filho de Deus, ocorrida há mais de dois mil anos", completou.
Conforme o purpurado, no tempo do advento, a liturgia apresenta-nos alguns personagens que devem nos ajudar a iluminar a nossa realidade e a vivê-la segundo o projeto de Deus: Isaias, João Batista, José e a Virgem Maria. "O texto de hoje é uma das mais belas e comoventes orações do Antigo Testamento", afirmou o prelado, explicando que o Evangelho de São Marcos narra parábola do homem que partiu para do homem que partiu para o exterior e confiou a sua casa à responsabilidade de seus empregados, "A parábola alerta-nos para a responsabilidade que temos de, a qualquer momento, sermos chamados a prestar contas a Deus, de nossa vida", disse Dom Raymundo.
Concluindo sua homilia, o cardeal comentou a respeito da nova Campanha para Evangelização cujo lema é "Ele veio curar nossos males". O arcebispo explicou que a campanha deste ano convida os cristãos a abrir o coração "para acolher Aquele que veio habitar entre nós para nos salvar e dar sentido a nossa vida. É por isso que a festa do Natal é um momento de singular importância no trabalho evangelizador. É o momento de aprendizado sobre o significado da nossa existência, de descobrirmos em Jesus, quem verdadeiramente somos", afirmou.
De acordo com a CNBB, o objetivo da Campanha para a Evangelização é coletar fundos que garantam a continuidade do trabalho evangelizador da Igreja Católica no Brasil. A coleta é feita no 3º domingo do Advento.

GaudiumPress

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quinta-feira, 24 de novembro de 2011 Diego Tales

DEUS É COMUNIDADE DE AMOR

Diego Tales

Quando o homem olha para dentro de si, a fim de analisar sua experiência religiosa, tem a sensação de um abismo sem fundo, uma profundeza in­finita. A essa profundeza inatingível de nosso ser refere-se a palavra "Deus". Deus significa isto: a profundeza última da nossa vida, a fonte do nosso ser, a meta de todos os nossos esforços. Esse fundo íntimo do nosso ser manifesta-se na abertura do nosso "eu para um tu", e na seriedade dessa inclinação. Vemos assim impressa em nosso ser a realidade profunda e grandiosa do Deus cristão, a Trindade. Isto é, o mistério de um Deus que é comunidade e comunhão de vida. Um Deus que é Pai, Filho, Espírito Santo.

A comunhão com Deus, fim do homem

O próprio Deus vem ao homem, manifesta-se a ele como "Senhor", mas cheio de bondade e misericórdia, rico em graça e fidelidade. Na exuberância de seu amor pelo mundo, manifestado no dom de seu Filho único para salvá-lo , o Deus do amor e da paz derrama sobre os homens sua graça em Cristo, e os chama à comunhão com ele no Espírito Santo .

A Comunidade Trinitária é verdadeiramente o valor último e supremo, o único verdadeiro fim último do homem, uma vez que Deus, e somente Deus, é a plenitude de toda perfeição.
A Comunidade Trinitária é verdadeiramente mistério, realidade que supera absolutamente toda compreensão humana. Deus jamais deixará de causar a admiração do homem, e nunca homem algum penetrará na terra de Deus se não estiver disposto a se desarraigar, como Abraão (Gn 12,1), das fronteiras de suas limitações e da estreiteza de suas seguranças. A oração não deve reduzir Deus aos limites do homem; mas deve dilatar o homem aos horizontes de Deus. O silêncio, que o Pai parece opor em muitos casos aos pedidos humanos, nasce da autenticidade de sua paternidade, de sua firmeza em não condescender com a mesquinhez dos planos humanos, para poder substituí-los por planos bem maiores, nascidos do seu amor.

A Comunidade Trinitária é o verdadeiro futuro do homem, só ela pode assegurar ao homem um plano de vida sem limites, porque capaz de superar até a morte. Diz eficazmente santo Agostinho: "Deus é tão inexaurível que quando encontrado ainda falta tudo para encontrá-lo". Isso significa que o dinamismo e a criatividade humana encontram nele um horizonte sem limites; portanto, um futuro total.

Um só Deus em três pessoas

Esta revelação não vem simplesmente satisfazer nossa necessidade de conhecer a Deus; concerne diretamente ao destino do homem e da criação. De fato, a salvação, como comunhão de amor entre Deus e o homem, reflete as características dos dois interlocutores que a constituem: Deus e o homem. Ora, o homem só pode ser compreendido a partir de Deus: feito à imagem de Deus, é plasmado conforme o Cristo, que é a imagem perfeita de Deus (Cl 1,15). Portanto, as perguntas e respostas sobre Deus são de uma importância fundamental para compreender o homem. Concretamente, a vida humana, de um ponto de vista religioso, desenvolve-se e se expande proporcionalmente ao "conhecimento" do mistério de Deus (Jo 17,3). Se o homem é destinado à comunhão com Deus Pai, é claro que sua vida tem tanto mais valor quanto mais ele consegue seguir o movimento de "subida aos céus" inaugurado pela ascensão de Jesus (Jo 12,32), até sentar-se à direita do Pai para vê-lo face a face. O Pe. Faber escreveu que "todo aprofundamento da idéia sobre Deus equivale a um novo nascimento". O mistério do amor Trinitário revela algo do mistério mais profundo do homem; por sermos como somos, criaturas capazes de conhecer, amar, gerar, só podemos exprimir-nos em termos humanos, mas chegamos com a mais profunda admiração ao último porquê: como pôde ter nascido a idéia de “conhecer”, amar", "gerar"? Não nasceu. Ela é. Porque Deus é amor. O mistério de Deus não é um mistério de solidão, mas de convivência, criatividade, conhecimento, amor, de dar e receber; e por isso, somos como somos.

Buscar a Deus


Em nossa vida cotidiana, às vezes sombria, às vezes trágica ou muito com­plicada, em que devemos cuidar de mil coisas que nos pressionam de toda parte, a luz de Deus é o amor. Devemos voltar-nos para esta luz se não nos quisermos desviar do verdadeiro fim de nossa existência. Gostaríamos de poder dizer: "Aqui está Deus; Deus é assim...". Mas não é possível. O próprio Deus sai dos quadros e das imagens e se oculta naqueles que precisam de nós, e diz: "Aqui estou!" Esconde-se nos pequeninos da terra e diz: "Buscai-me aqui!" Quem quer viver com Deus não se encontra diante de uma conclusão, mas sempre diante de um início, novo como cada novo dia.

Padre Joaquim Lima Brito


CONGRESSO DIOCESANO DA RCC

quinta-feira, 17 de novembro de 2011 Diego Tales

ATENÇÃO SERVOS

Esse ano o congresso Diocesano será diferente! Então atenção.

SEXTA 25/11 às 19hs - Missa de Abertura na Capela Divino Espírito Santo

SÁBADO 26/11 às 14hs - Retiro fechado para os servos da RCC, à noite workshop dos Ministérios.

DOMINGO 27/11 às 07hs - Congresso aberto à todos.


VOCÊ NÃO PODE PERDER ESSE MOMENTO DE GRAÇA, DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO E FORMAÇÃO.

ENTRADA:R$ 2,00

Local: Centro de Evangelização Pe. Guido Tonelotto.

DIVULGUE ESSE ENCONTRO TAMBÉM É SEU.

Quebra de votos íntimos

quinta-feira, 10 de novembro de 2011 Diego Tales

“Uma palavra má transtorna o coração; dela vêm quatro coisas: o bem e o mal, a vida e a e morte; sobre estas quem domina de contíguo é a língua.” (Eclo 37,21)
Estávamos orando diante do Santíssimo, e inspirados pelo Senhor, começamos a lembrar de muitas afirmações que fizemos a respeito de nossas vidas que não estão alinhadas com a palavra de Deus, afirmações essas que podem ter caído como um peso de maldição sobre nós.
Lembrei então de um ensinamento que Pe. De Grandis, dos Estados Unidos, nos dava quando falava sobre as palavras que proferimos. Dizia ele que muitas vezes em momentos de dor, ou de desânimo ou de mágoa, ou de profunda tristeza ou movidos por sentimentos de rejeição ou complexo de inferioridade, dizemos coisas que soam como promessas que fazemos a nós mesmos, como votos íntimos que firmamos conosco mesmos. Exemplificando, uma moça que é abandonada pelo namorado por quem está apaixonada diz: “Se não casar com ele não caso com mais ninguém.” Isso vai ter a força de um juramento e, inconscientemente, ela sempre se apaixonará pela pessoa errada ou por alguém que não queira casar com ela. Ou então alguém que perde um ente querido e diz: “Nunca mais serei feliz”. E não será mesmo, pois inconscientemente vai procurar viver de forma a não ter mais alegria e paz no coração. Ou ainda aquela pessoa que diz: ”Sempre fui pobre e sempre serei”. Essa pessoa pode até ter ótimas oportunidades na vida, mas se tiver prosperidade vai dar um jeito de perder tudo para continuar sendo pobre.
Conforme ensinamento de Pe. De Grandis, o que devemos fazer é pedir perdão a Deus por termos falado essas coisas que não estão alinhadas com o seu desejo de bênçãos para nós. A seguir devemos fazer a renúncia desses juramentos, da maneira explicada a seguir. Vamos tomar como exemplo a pessoa que disse que nunca mais seria feliz. Essa pessoa dirá, em voz alta: “Em nome de Jesus , eu retiro essa promessa que fiz de não ser feliz. Clamo o sangue do Senhor Jesus sobre essas palavras e peço a Jesus, meu Senhor e Salvador, que com a sua autoridade e soberania ordene agora que seja quebrado esse juramento e que o poder dessas palavras na minha vida seja desfeito agora para todo o sempre. Agradeço ao Senhor Jesus por me libertar e declaro agora que vou ser feliz porque Jesus veio para me dar vida abundante”. Depois disso, louvar a Deus sempre que se lembrar e agradecer-lhe pela libertação obtida. Dizer também com freqüência: “Daqui para frente serei muito feliz porque abri as portas da minha vida para receber todos os bens que Deus tem preparados para mim”. A moça que disse que jamais casaria vai dizer que retira a promessa de não casar e que está aberta para receber com gratidão e alegria um marido se Deus assim o quiser. A pessoa que disse que sempre seria pobre vai quebrar esse voto, retirar as palavras que disse e vai dizer agora que está aberta para receber todos os bens que a providência de Deus lhe der. E assim por diante, conforme o voto íntimo que tenha sido feito.
Essa é uma poderosa oração de libertação que trará muitas bênçãos para as nossas vidas se for feita com fé no poder do nome e do sangue de Jesus e também com confiança no amor de Deus que sempre quer o melhor para cada um de seus filhos e filhas.

Maria Beatriz Spier Vargas
Secretária geral do Conselho Nacional da RCCBRASIL

Glorificar a Deus com os nossos pensamentos

Diego Tales

“Não são carnais as armas com que lutamos. São poderosas em Deus, capazes de arrasar fortificações. Nós aniquilamos todo raciocínio e todo orgulho que se levanta contra o conhecimento de Deus, e cativamos todo pensamento e o reduzimos à obediência à Cristo” (2Cor 10, 4-5).
Muitas vezes falamos de glorificar a Deus com nossas atitudes, dando testemunho de nossa adesão à Cristo através de atos de amor, perdão e misericórdia, e de glorificá-lo com as palavras de nossos lábios, através de palavras de louvor e não de murmuração. Mas temos glorificado a Deus em nossos pensamentos?
Gostaria de atualizar para nós uma profecia em tom de exortação que nos foi dada no ano de 2007: “Vigia os teus pensamentos, mantém-nos dobrados ao meu Senhorio, humildemente submete-os a mim e não permitas que entre neles a divisão, a desconfiança, o julgamento, a intriga, a suspeita. Toda essa divisão não vem de mim. Os meus pensamentos são de paz, tudo aquilo que te roubar a paz, submete-o a mim e Eu agirei nessa situação específica sobre a qual pensastes. Paz, paz dentro de ti e ao teu redor. Não julga, não critica, não te arvores em juiz. Eu sou o Senhor”.
A confirmação nos veio através da Palavra: “Além disso, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos” (Fl 4,8-9).
Fica, portanto, a exortação do Senhor para nós, a de vigiar sobre nossos pensamentos, não julgando, não abrigando pensamentos de medo e de derrota, não tendo uma visão ruim das coisas e das pessoas, mas pedindo ao Espírito Santo para vir iluminar nossos pensamentos com o seu amor, com a sua luz, e pedindo a Jesus para lavar nossos pensamentos no seu sangue redentor para que nenhuma sugestão do maligno possa se insinuar dentro de nós. Assim, poderemos glorificar a Deus com nossos pensamentos.
Fica também como moção para nós fazermos o jejum do pensamento que não glorifica a Deus, a abstinência do pensamento mau e do julgamento, a moção de vigiarmos atentamente sobre nossos pensamentos. Não precisamos nos preocupar em julgar aos outros, pois Jesus Cristo, o Justo Juiz, porá tudo às claras. A nossa preocupação deve ser sempre a de agradar a Deus e de fazer sua vontade, a de não fazermos as coisas que criticamos no comportamento dos outros. Se estivermos ocupados lutando por nossa santidade, não teremos tempo nem disposição para nos ocupar com pensamentos ruins.
“Por isso, não julgueis antes do tempo; esperai que venha o Senhor. Ele porá às claras o que se acha escondido nas trevas. Ele manifestará as intenções dos corações. Então cada um receberá de Deus o louvor que merece” (1Cor 4, 5).
Ainda outro direcionamento que podemos tirar é o de fazermos de 2Cor 10, 4-5 a nossa oração diária para fortalecer-nos na abstinência do pensamento que não glorifica a Deus. Lembremos: as armas com que lutamos não são carnais, são espirituais, por nisso precisamos do auxílio de Deus. Tudo na nossa vida depende da graça de Deus. Que sua graça ilumine nossos pensamentos!

Maria Beatriz Spier Vargas
Secretária geral do Conselho Nacional da RCCBRASIL

Deus sempre está perto

Diego Tales

Apresentamos, a seguir, a catequese que o Papa Bento XVI dirigiu hoje aos fiéis reunidos para a audiência geral na Praça de São Pedro. A catequese de hoje continua o ciclo sobre a oração.

Queridos irmãos e irmãs:
Eu gostaria de começar meditando sobre alguns salmos que formam o “livro de oração” por excelência. O salmo no qual eu gostaria de me deter é um salmo de lamentação e de súplica, imbuído de uma profunda confiança, no qual a certeza da presença de Deus é o fundamento da oração que se produz em uma condição de extrema dificuldade do orante. Trata-se do salmo 3, que a tradição judaica atribui a Davi no momento em que ele foge de Absalão (cf. vers. 1). É um dos episódios mais dramáticos e sofrentes da vida do rei, quando seu próprio filho usurpa o trono real e o obriga a abandonar Jerusalém para salvar a vida (cf. 2 Sam, 15 ss). A situação de angústia e de perigo experimentada por Davi é o pano de fundo desta oração e uma ajuda para a sua compreensão, apresentando-se como a situação típica em que um salmo é recitado. No grito do salmista, todo homem pode reconhecer estes sentimentos de dor, de amargura, e ao mesmo tempo de confiança em Deus, que, segundo a narração bíblica, acompanhou Davi em sua fuga da cidade. O salmo começa com uma invocação ao Senhor.
“Ó, Senhor, como são numerosos meus adversários! São muitos os que se erguem contra mim; muitos dizem a meu respeito: 'Deus não vai lhe dar a salvação!'” (v. 2-3).
A descrição que o salmista faz da sua situação está marcada, portanto, por tons fortemente dramáticos. Ele afirma três vezes a ideia da multidão - “numerosos”, “muitos”, “muitos” – que, no texto original, se realiza com a mesma raiz hebraica, para destacar mais ainda a enormidade do perigo, de forma repetitiva, quase maçante. Esta insistência no número e grandeza dos inimigos serve para expressar a percepção, por parte do salmista, da desproporção total existente entre ele e seus perseguidores, uma desproporção que justifica a urgência da sua petição de ajuda: os opressores são muitos, têm o controle da situação, enquanto o orante está sozinho e indefeso, à mercê dos seus agressores. E a primeira palavra que o salmista pronuncia é “Senhor”; seu grito começa com uma invocação a Deus. Uma multidão surge e se levanta contra ele, provocando-lhe um medo que aumenta a ameaça, fazendo-a parecer ainda maior e terrível; mas o salmista não se deixa vencer por esta visão de morte, mas mantém firme sua relação com o Deus da vida e é a Ele a quem se dirige, em primeiro lugar, buscando sua ajuda.
No entanto, os inimigos tentam também destruir este vínculo com Deus e destruir a fé da sua vítima. Estes insinuam que o Senhor não pode intervir, afirmam que nem Deus pode salvá-lo. A agressão, portanto, não é somente física, mas afeta também a dimensão espiritual: “Deus não vai lhe dar a salvação” – dizem –, agredindo o núcleo central da alma do salmista. É a última tentação que o crente sofre, a tentação de perder a fé, a confiança na proximidade de Deus. O justo supera a última prova, permanece firme na fé, na certeza da verdade e na confiança plena em Deus. Assim encontra a vida e a verdade.
Parece que o salmo nos afeta pessoalmente: são muitos os problemas em que sentimos a tentação de que Deus não me salva, não me conhece, talvez não tenha a possibilidade; a tentação contra a fé é a última agressão do inimigo e devemos resistir a ela porque assim nos encontramos com Deus e encontramos a vida.
O salmista do nosso salmo está chamado, portanto, a responder com fé aos ataques dos ímpios: os inimigos, como comentei, negam que Deus possa ajudá-lo, mas ele, no entanto, o invoca, o chama pelo seu nome – “Senhor” – e depois se dirige a Ele com um “tu” enfático, que expressa uma relação firme, sólida e recolhe em si a certeza da resposta divina: “Mas tu, ó Senhor, és minha defesa, és a minha glória, tu que ergues a minha cabeça. Quando com minha voz eu invoquei o Senhor, ele me respondeu do seu santo monte” (v. 4-5).
A visão dos inimigos desaparece agora, não venceram porque quem crê em Deus está certo de que Deus é seu amigo: resta somente o “Tu” de Deus; aos “muitos” se contrapõe somente um, mas que é muito maior e potente que muitos adversários. O Senhor é ajuda, defesa, salvação; como escudo, protege quem confia n'Ele, fazendo-o levantar a cabeça com gesto de triunfo e de vitória. O homem já não está só, os inimigos já não são tão imbatíveis como pareciam, porque o Senhor escuta o grito do oprimido e responde do lugar da sua presença, do seu monte santo. O homem grita na angústia, no perigo, na dor; o homem pede ajuda e Deus responde.
Este entrelaçar-se do grito humano e da resposta divina é a dialética da oração e a chave de leitura de toda a história da salvação. O grito expressa a necessidade de ajuda e interpela à fidelidade do Deus que escuta. A oração expressa a certeza de uma presença divina que já se experimentou e na qual se acreditou, e se manifesta plenamente na resposta salvífica de Deus. Isso é importante: que, na nossa oração, esteja presente a certeza da presença de Deus. Assim, o salmista que se sente assediado pela morte, confessa sua fé no Deus da vida que, como escudo, o cerca com uma proteção invulnerável; quem pensava estar perdido pode levantar a cabeça porque o Senhor o salva; o orante, ameaçado e humilhado, está na glória porque Deus é a sua glória. A resposta divina que acolhe a oração dá ao salmista uma segurança total; termina também o medo e o grito se aquieta na paz, na profunda tranquilidade interior: “Eis que me deito e durmo, e me acordo, pois o Senhor me sustenta. Não tenho medo da multidão de gente que se lança contra mim de todo lado” (v. 6-7).
O orante, inclusive no meio do perigo e da batalha, pode dormir tranquilo, em uma atitude inequívoca de abandono confiante. Ao seu redor, os adversários acampam, assediam-no, são muitos, erguem-se contra ele, zombam dele e procuram derrubá-lo, mas ele, no entanto, se deita e dorme tranquilo e sereno, certo da presença de Deus. E, ao despertar, encontra Deus ao seu lado, como guardião que não dorme (cf. Sl 121,3-4), que o segura pela mão, que não o abandona jamais. O medo da morte é vencido pela presença d'Aquele que não morre. É justamente a noite, povoada de medos ancestrais, a noite dolorosa da solidão e da espera angustiante, que se transforma: o que evoca a morte se converte em presença do Eterno.
À visão do assalto inimigo, enorme, imponente, contrapõe-se a invisível presença de Deus, com toda a sua invencível potência. E é a Ele a quem, novamente, o salmista, depois das suas frases de confiança, dirige sua oração: “Levanta-te, Senhor, salva-me, ó Deus!” (v. 8a). Os agressores “se levantavam” contra a sua vítima, mas quem, no entanto, “se levantará” é o Senhor, e o fará para destruí-los. Deus o salvará respondendo ao seu grito. Por isso, o salmo termina com a visão da libertação do perigo que mata e da tentação que pode fazer-nos perecer. Depois da petição dirigida ao Senhor para que se levante e nos salve, o orante descreve a vitória divina: os inimigos, que, com sua injusta e cruel opressão, são símbolo de tudo o que se opõe a Deus e ao seu plano de salvação, são derrotados. Atingidos na boca, não poderão agredir mais com a sua violência destrutiva e não poderão insinuar o mal da dúvida sobre a presença e a ação de Deus: seu falar insensato e blasfemo é desmentido finalmente e reduzido ao silêncio pela intervenção salvífica de Deus (cf. v. 8bc). Assim, o salmista pode concluir sua oração com uma frase com as conotações litúrgicas que celebra, na gratidão e no louvor, o Deus da vida: “Do Senhor é a salvação. Sobre o seu povo desça a sua bênção!” (v.9).
Queridos irmãos e irmãs, o salmo 3 nos apresenta uma súplica repleta de confiança e consolo. Rezando este salmo, podemos fazer nossos os sentimentos do salmista, figura do justo perseguido que, em Jesus, encontra seu cumprimento. Na dor, no perigo, na amargura da incompreensão e da ofensa, as palavras do salmo abrem o nosso coração à certeza consoladora da fé. Deus sempre está perto – escuta, responde e salva do seu jeito. Mas é necessário saber reconhecer sua presença e aceitar seus caminhos, como Davi fugindo humilhado do seu filho Absalão, como o justo perseguido do Livro da Sabedoria, como o Senhor Jesus no Gólgota. E quando, aos olhos dos ímpios, Deus parece não intervir e o Filho morre, então é quando se manifesta a todos os crentes a verdadeira glória e o cumprimento definitivo da salvação. Que o Senhor nos dê fé, nos ajude na nossa fraqueza e nos torne capazes de crer e de rezar em toda angústia, nas noites dolorosas da dúvida e nos longos dias de dor, abandonando-nos com confiança n'Ele, que é o nosso “escudo” e a nossa “glória”.
Obrigado.
No final da audiência, Bento XVI saudou os peregrinos em vários idiomas. Em português, disse:
Queridos irmãos e irmãs,
Na “escola da oração” que temos vivido, juntos, nestas catequeses de quarta-feira, desejo hoje dar início à meditação sobre alguns dos cento e cinquenta salmos bíblicos, que formam o livro de oração por excelência. Vimos agora o Salmo 3, uma súplica cheia de confiança e consolação. No perigo, no sofrimento, na amargura, as palavras deste salmo abrem o coração à certeza reconfortante da fé. Quem pensava que já estava perdido, pode levantar a cabeça, porque o Senhor o salva. A resposta divina, que acolhe a oração, dá ao salmista uma segurança total. O medo da morte é vencido pela presença d’Aquele que não morre. Deus está sempre perto, mesmo nos períodos escuros da vida. Mas é preciso saber reconhecer a sua presença e aceitar os seus caminhos, como fez Jesus no Gólgota. E mesmo quando parece, aos olhos dos ímpios, que Deus não interveio porque deixou o Filho morrer na Cruz, então é que se manifesta, para todos os crentes, a verdadeira glória e a realização definitiva da salvação.
Amados peregrinos de língua portuguesa, a minha saudação amiga para todos, desejando que este Salmo três lhes sirva de portal na sua peregrinação a Roma: da infinidade de coisas – tantas vezes duras – da vida, aprendam a elevar o coração até o Pai do Céu, repousando no seio da sua infinita bondade, e verão que as dores e aflições da vida lhes farão menos mal. Sobre todos, e extensiva aos familiares e comunidades eclesiais, desça a minha bênção apostólica.

Os frutos do pontificado de João Paulo II

Diego Tales


João Paulo II, beatificado em 1º de Maio, foi um dos mais importantes papas da Igreja. Poderia ser chamado de “Magno”, como Leão I (†461) e Gregório I (†604). Leão enfrentou os “bárbaros” e segurou a Civilização Ocidental que desabava na barbárie. Gregório soube conquistar e evangelizar os “bárbaros”, iniciando a reconstrução do Ocidente sob a luz de Cristo.
João Paulo II soube preparar a Igreja para a difícil caminhada do século XXI. Foi um verdadeiro profeta, qual novo Moisés, a conduzir o povo de Deus ao século XXI com a sabedoria de um grande mestre dos tempos atuais.
Foi um dos grandes personagens do século XX. Em 1994 foi escolhido como “Homem do Ano” pela revista “Time”. A revista disse na ocasião: “As pessoas que o veem – e são milhões sem conta – não o esquecem. Seu aspecto é capaz de produzir uma sensação eletrizante, que ninguém mais na terra pode igualar”.
Ao ser eleito papa, em 1978, o cardeal Stefan Wyszynski, primaz da Igreja na Polônia, lhe disse que uma de suas grandes tarefas seria preparar a Igreja para o novo milênio. E isto ele fez com grande sucesso.

Seu pontificado foi singular desde o início: um Papa polonês que chegou ao trono de Pedro após 455 anos de pontífices italianos. Seu caminho não foi fácil: uma vez eleito, enfrentou uma crise no catolicismo mergulhado em um Ocidente secularizado, onde o homem vive “como se Deus não existisse”. Mas com a força da fé e a eterna certeza da vitória de Cristo sobre o mal, ele soube enfrentar todos os desafios, propagando que a última palavra da História seria a vitória do bem.
Mesmo os que não compartilham a fé católica perceberam nesse homem alguém que viveu abnegadamente para um ideal nobre e que se interessou não só pela religião, mas por todas as questões relativas à dignidade do ser humano. Ele soube magnificamente integrar a fé com a história, Deus com o homem, sem oposição, traçando um nova era espiritual do mundo, nos cinco Continentes.

O Espírito Santo foi buscá-lo detrás da “Cortina de Ferro” comunista para fazer cair o “Muro da Vergonha”, de Berlim, e trazer a paz e a fé de volta a tantos países do Leste europeu: República Tcheca, Eslováquia, Rússia, Bulgária, Romênia, Polônia, Hungria e outros que voltaram a respirar a liberdade.
João Paulo foi um marco na história da Igreja e do mundo, não só pelos quase 27 anos de pontificado, mas pela sua santidade, cultura, amor ao ser humano, estadista, mestre da doutrina, arauto da paz, paladino da justiça entre os povos. E também “homem das dores”: foi baleado, protegido pela Virgem de Fátima, viveu a perseguição do comunismo e do nazismo, temperou sua fibra e sua fé no calor da perseguição à Igreja.

Soube falar ao mundo e com o mundo e revelou-lhe as suas chagas, apresentando o remédio de que precisava: Jesus Cristo. Em seu primeiro discurso como Papa pediu ao mundo: “Abri as portas a Jesus Cristo”, e fez disso o lema de seu pontificado.
João Paulo nos deixou uma herança religiosa que continuará sendo uma referência. Na base das suas convicções, está a idéia de que o cristianismo é “uma força libertadora da sociedade e do homem”. Na sua primeira encíclica, “Redemptor Hominis”, deu o tom do seu trabalho: Por Jesus Cristo salvar o homem e o mundo moderno.
Incansavelmente escreveu, viajou, rezou, acolheu peregrinos do mundo todo, socorreu os aflitos, confirmou os irmãos na fé e uniu a Igreja em torno dele. A veneração, admiração e a gratidão para com ele vieram de todas as partes do mundo. Fomos guiados por um Homem de Deus, que conquistou amor e respeito para além de qualquer barreira humana.

Ele foi o verdadeiro humanista experimentado de que o mundo precisava, o profundo conhecedor do pensamento filosófico, aquele que bebeu nas fontes da grande espiritualidade e que estava atento a todos os desenvolvimentos do pensamento contemporâneo.
Ele falava a um homem a quem conhece e, assim, o homem o reconhecia como o bom Pastor. Soube falar como pai às crianças e aos jovens; soube ensinar os casais e os homens públicos, os empresários e os pobres, os iletrados e os doutores, os incluídos e excluídos da sociedade, sem fomentar a luta de classes e a violência, chamando a todos ao amor do Cristo. E, sobretudo, soube mostrar aos sacerdotes que a missão sacerdotal é a máxima realização para um homem, realização altamente humana, porque divina.

O Senhor preparou um atleta para percorrer incansável as estradas do mundo – “antes que fosses formado no ventre de tua mãe, Eu já te conhecia; antes que saísses do seio materno, Eu te consagrei e te constituí profeta entre as nações” (Jr 1, 5).
Nesta hora em que o Céu o acolhe precisamos dizer: Obrigado Senhor, porque nos destes um grande Pai, Mestre e Pastor. Obrigado, Santidade, por nos ter feito compreender, com o seu “Totus tuus”, o poder da entrega de uma vida a Deus pelas mãos da Virgem Maria. Obrigado, “Doce Cristo na terra”, pelo sofrimento abraçado e oferecido a Deus por nós até o teu último dia.
Com todo o povo aclamamos: “Santo súbito!” Interceda pela Santa Igreja e por cada um de nós no céu sem cessar.

Prof. Felipe Aquino

O sentido liturgico do Dia de Finados

quarta-feira, 2 de novembro de 2011 Diego Tales



Enxugará as lágrimas de seus olhos e a morte já não existirá. Não haverá mais luto, nem pranto, nem dor, porque tudo isso já passou· (Ap 21,4).
Por que então a liturgia cristã interessou-se pelos mortos também fora da missa? Por que a Igreja dedicou um dia exclusivo à lembrança dos finados? Você acha válido rezar pelos falecidos? Como você se prepara para viver o momento de sua morte? Por que o ser humano preocupa-se tanto em marcar com sinais exteriores a morte de pessoas queridas?

1. História da Celebração
O Cristianismo nasceu embebido pela vida, morte e ressurreição de Jesus, o Cristo Senhor. O ápice da vida do filho de Deus foi sentir em sua carne a frieza da morte. Sem dúvida, ao doar amorosamente sua vida na cruz, Jesus viveu em sua própria carne a experiência da morte. Ele morreu realmente. Mas a Graça de Deus, confirmando a mensagem e o testemunho de vida de Jesus, o ressuscitou dos mortos e garantiu assim, a todos os fiéis que nele depositam suas esperanças, a possibilidade de transcender também a fase finita da vida e alcançar a plenitude da personalidade e potencialidades humanas, na realidade de fé que chamamos de Vida Eterna.
Desde muito cedo o Cristianismo celebrou os fiéis que morreram unidos à  sua comunidade de fé. Os mártires eram venerados nos locais de seu martírio e as primeiras construções genuinamente cristãs foram monumentos em homenagem a estes heróis da fé. Além disso, as perseguições imperiais obrigavam os cristãos a refugiarem em catacumbas para celebração dos exercícios litúrgicos. E as catacumbas nada mais eram que os primeiros cemitérios cristãos.
Os mais antigos sacramentários romanos atestam o uso de missas pelos defuntos. O costume de rezar pelos mortos em celebrações específicas parece ter surgido pelo fato de que não era possível realizar exéquias dos cristãos no momento da morte, tamanho o medo da perseguição pagã. Assim, dias depois do fato, geralmente uma semana ou mesmo trinta dias, a comunidade reunia-se para as devidas homenagens ao falecido e aos familiares.
Nos mosteiros irlandeses, no século VII, já encontramos rolos com os nomes de monges falecidos, que circulavam entre as comunidades, numa rústica forma de comunicação orante entre os religiosos. Para estes falecidos era sempre dedicado algum ofício religioso solene. Dessa tradição surgiram as necrologias, lista de nomes lidas nos ofícios e os obtuários, lembrando serviços fundados ou obras de misericórdia dos defuntos em suas datas. Passou-se claramente das menções globais aos nomes individuais.
Nos séculos IX e X, no auge do período carolíngio, já é possível encontrar o costume de anotar nomes de falecidos para oferecimento de missas, mas ainda mantém-se a vinculação com o nome de vivos, que faziam suas ofertas generosas para a comunidade cristã. Os ‘libri memoriales’ (Livros Memoriais) carolingianos continham de 15.000 a 40.000 nomes a serem lembrados. Durante as Eucaristias chegava-se a enumerar de 40 a 50 nomes por dia!
Mas foi em Cluny, o renomado Mosteiro francês, que começou a surgir uma explicação da oração pelos mortos. À Igreja Peregrina nos caminhos da história unia-se a Igreja Triunfante (os santos e santas) e à igreja Padecente (aqueles que mesmo mortos ainda não tinham alcançado a plenitude da Ressurreição). Esta união entre santos e pecadores, chamada de comunhão dos santos, já fazia parte da tradição cristã e foi teologicamente elaborada pelo mestre da escolástica, Santo Tomás de Aquino,  nos seguintes termos:
Assim como no corpo natural a atividade de um membro se subordina ao bem estar de todo o corpo, também no corpo espiritual que é a Igreja, acontece o mesmo. E porque todos os fiéis são um só corpo, o bem de um comunica-se ao outro.
Tudo indica que foi no século X que, a partir do mosteiro do Cluny, instituiu-se a comemoração dos mortos para o dia 2 de novembro, em íntimo contato com a festa de todos os santos. A Festa dos Mortos será rapidamente celebrada em todo mundo cristão. Trata-se hoje de um dos feriados mais universais do nosso planeta.
2. Sentido da celebração de Finados
No dia de Finados, não festejamos a morte. Seria uma ignorância e uma contradição. Celebramos sim, nossa fé na ressurreição e a esperança do encontro na morada que Jesus nos preparou, no seio amoroso de Deus. A comemoração dos fiéis defuntos é uma oportunidade ímpar para agradecer a Deus pela existência daqueles que nos precederam e, de certa forma, participaram da construção de nossa própria história.
O gesto mais comum em Finados é a visita ao cemitério, a participação na Eucaristia e as devoções próprias de cada cultura, como acender velas, oferecer flores e enfeitar os túmulos dos falecidos. Em todos estes gestos antropologicamente enraizados no ser humano transparece a consciência que temos de nossa finitude e da necessidade absoluta de apego ao Divino para a manutenção da esperança em glorificação da existência.
Acendemos velas para lembrar que essa luz segue iluminando-nos, em nossos corações. Veneramos seus exemplos e imitamos sua fé (Hb 13,7). Enfeitamos as sepulturas com flores, símbolo da ressurreição. Nossos mortos são plantados como sementes, regadas com nossas lágrimas, e florescem ressuscitados no jardim do Senhor.
Além disso, ao recordar a vida de um ente querido, nós próprios deparamo-nos com a realidade da morte em nossa vida e pesamos nossos comportamentos pessoais e sociais. A presença da limitação e fraqueza da vida permite-nos ser mais humildes na consideração da validade de nossa vida. Não há como ficar insensível diante da finitude da carne humana!3. Sentido Teológico de Finados: a certeza da Ressurreição
Nossa fé cristã é a fé no Ressuscitado. Esta certeza de fé elimina de nós toda e qualquer idéia de renascimento ou reencarnação. Somos únicos desde a concepção, durante a vida e após a morte. A razão de nossa fé na Ressurreição é a experiência radical de Jesus. Ele foi Ressuscitado pelo Pai (At 2, 22s), numa atitude amorosa que confirmou toda a obra realizada pelo homem de Nazaré em favor dos mais oprimidos e marginalizados.
O fundamento teológico para a nossa compreensão de fé em torno da vida que começa na morte está na Ressurreição de Jesus Cristo. É São Paulo que diz: ‘Se Cristo não tivesse ressuscitado, vã seria a nossa fé, e nós ainda estaríamos em nossos pecados’ (1Cor 15, 17).
Nós cremos na ressurreição como um momento de transcedência de nossa realidade finita para uma realidade infinita ao lado de Deus. Na Ressurreição nossa vida é transformada. Assim como acontece com a semente que, ao ser lançada na terra, morre e desta morte nasce a nova vida, cremos que também nós vamos ressuscitar e assumir uma nova vida. Nós cremos que a nossa vida terrestre é uma preparação para a verdadeira e definitiva vida. Temos uma única oportunidade de viver no mundo e nos preparar para a eternidade.
O próprio Jesus viveu apenas uma única vida humana, iniciada no momento de sua concepção no seio virginal de Maria e consumada na cruz, quando exausto e sem forças, Jesus entrega sua vida nas mãos do Pai (Jo 19,30). Mas, como já dissemos, Deus não permitiu ao Cristo permanecer preso nas cadeias da morte, mas o fez receber vida nova, ressuscitando-o e reafirmando assim o valor da vida justa sobre os poderes nefastos de uma sociedade marcada pela cultura de morte.
Mas, Ele ressuscitou. O corpo físico de Jesus foi transformado em um corpo glorioso, que não ocupa mais espaço, não envelhece mais com o tempo e não morre mais. Este Cristo vivo e ressuscitado está na Eucaristia, está nos sacrários de nossas igrejas e está também na comunidade cristã, já que Ele disse: ‘Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei presente’ (Mt 18,20) ou então: ‘Eis que eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos’ (Mt 28, 20). Nada pode nos separar do amor de Cristo.
Já a teologia de oração pelos mortos alicerça-se na noção tradicional de purgatório, momento de expiação dos erros passados e de contemplação da face gloriosa de Deus. A teologia atual não aboliu, com se pensa, a noção de purgatório. Obviamente, a idéia de um fogo devorador que aflige atemporalmente os homens e mulheres que falecem afastados de Deus recebe hoje um tratamento mais aceitável. O purgatório seria a própria percepção de não realização da missão confiada por Deus a cada um de nós. Ao deparar-nos com a imensa distância entre o ideal sonhado por Deus e o real vivido, o ser humano sofre por ter sido tão leniente. Imediatamente, entretanto, contempla a glória de Deus e nela mergulha. Rezar pelos mortos significa ajudá-los a tomar consciência de que estão afastados do ideal de Deus.4. Celebrando o dia de Finados
As celebrações litúrgicas do dia de hoje são comedidas e cercadas de um clima de saudade e tristeza. São comuns as missas rezadas nos cemitérios, onde um ou outro grupo pastoral pode estar presente para acolher as pessoas mais sensibilizadas.
Nas igrejas e capelas reze-se pelos fiéis defuntos que participaram da história da comunidade, mas evite-se enumerar nomes ou dar destaques a algum falecido. Mantenha a sobriedade dos cantos e respeite-se o silêncio com marca da celebração.
Entretanto, evite-se o clima de luto nas celebrações. Vale a pena recordar que a celebração de Finados marca a esperança cristã na Ressurreição e deve ser iluminada por aquela alegria que marca a fé cristã.
Para os celebrantes, atenção nas homilias. O Mistério da Ressurreição deve ser o centro da reflexão, aproveitando para refletir bem as palavras do Evangelho e esclarecendo o real sentido da morte para o cristão, numa catequese que contemple toda a eliminação de idéias estranhas tão espalhadas pela mentalidade do povo católico brasileiro.

Pe. Adenildo Godoy BarbosaComissão para Liturgia e Música Sacra da Arquidiocese de Curitiba

Diocese de Mossoró reúne 8 mil na 15ª Romaria da Juventude

terça-feira, 1 de novembro de 2011 JESUS C. 'FONTE DE ÁGUA VIVA'

Finados

Diego Tales


 “Finados” vem do latim: “fines”, que quer dizer “limites”, “extremidades”. É pois o dia em que somos convidados para nos lembrar dos que ultrapassaram os limites da vida terrena. Partiram de nosso convívio. A Igreja desde os primórdios, faz a memória dos que foram desta vida, cuja lembrança guardamos nos escrínios das nossas saudades.

A Escritura Sagrada nos faz entender que nossos atos meritórios estão guardados nos celeiros de Deus e os nossos exemplos iluminam os que aqui ficaram à espera do chamado do autor da vida. Não sei se é também por isto que há os que acendem velas nos jazigos silenciosos dos nossos cemitérios. Não poderia este gesto ser o sinal de que as vidas destes antepassados foram exemplos de luz para os que ficaram?

A Igreja, após a festa litúrgica de todos os Santos, convida-nos a comemorar – isto é, a lembrar – os que nos precederam na morte não só rezando por eles, mas recordando seus exemplos, virtudes e méritos. E ao estimular-nos a rezar pelos mortos, a Igreja tem a convicção de que, como Corpo Místico que somos, como membros uns dos outros, podemos auxiliá-los a diminuir o retardo purificador em que se encontram.

Na vida humana, há dias e momentos de alegria e de festa e momentos de lembrança e saudade. Nesta ocasião lembramo-nos da partida para a eternidade daqueles que conviveram conosco. Podemos até dizer que essas mortes têm coloridos diferentes. Há as mortes das crianças que são como festivos repiques de sinos. Outras, como um ramalhete de flores que se oferece a Deus. Há os que morrem no anonimato das ruas, sem médico à cabeceira, sem que haja quem lhes chore uma lágrima. Já vimos alguma vez a morte de pessoa santa, cujo último gesto foi um ósculo de amor na imagem do Crucificado. Momento augusto o da morte, quando as luzes terrenas se apagam e a criatura se encontra com a claridade do olhar de Deus que vem para julgar.

Finados: um dia para recordar e para refletir. Um convite para erguer o olhar, à luz da fé, lembrando que temos um destino de felicidade que não termina, na contemplação da face luminosa de Deus: “Nós O veremos como Ele é” (1a Jo 3,2).


CNBB

Solenidade de todos os Santos

Diego Tales

Hoje, a Igreja não celebra a santidade de um cristão que se encontra no Céu, mas sim, de todos. Isto, para mostrar concretamente, a vocação universal de todos para a felicidade eterna.

"Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. Todos são chamados à santidade: 'Deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito' "(Mt 5,48) (CIC 2013).

Sendo assim, nós passamos a compreender o início do sermão do Abade São Bernardo: "Para que louvar os santos, para que glorificá-los? Para que, enfim, esta solenidade? Que lhes importam as honras terrenas? A eles que, segundo a promessa do Filho, o Pai celeste glorifica? Os santos não precisam de nossas homenagens. Não há dúvida alguma, se veneramos os santos, o interesse é nosso, não deles".

Sabemos que desde os primeiros séculos os cristãos praticam o culto dos santos, a começar pelos mártires, por isto hoje vivemos esta Tradição, na qual nossa Mãe Igreja convida-nos a contemplarmos os nossos "heróis" da fé, esperança e caridade. Na verdade é um convite a olharmos para o Alto, pois neste mundo escurecido pelo pecado, brilham no Céu com a luz do triunfo e esperança daqueles que viveram e morreram em Cristo, por Cristo e com Cristo, formando uma "constelação", já que São João viu: "Era uma imensa multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas" (Ap 7,9).

Todos estes combatentes de Deus, merecem nossa imitação, pois foram adolescentes, jovens, homens casados, mães de família, operários, empregados, patrões, sacerdotes, pobres mendigos, profissionais, militares ou religiosos que se tornaram um sinal do que o Espírito Santo pode fazer num ser humano que se decide a viver o Evangelho que atua na Igreja e na sociedade. Portanto, a vida destes acabaram virando proposta para nós, uma vez que passaram fome, apelos carnais, perseguições, alegrias, situações de pecado, profundos arrependimentos, sede, doenças, sofrimentos por calúnia, ódio, falta de amor e injustiças; tudo isto, e mais o que constituem o cotidiano dos seguidores de Cristo que enfrentam os embates da vida sem perderem o entusiasmo pela Pátria definitiva, pois "não sois mais estrangeiros, nem migrantes; sois concidadãos dos santos, sois da Família de Deus" (Ef 2,19).

Neste dia a Mãe Igreja faz este apelo a todos nós, seus filhos: "O apelo à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade se dirige a todos os fiéis cristãos." "A perfeição cristã só tem um limite: ser ilimitada" (CIC 2028).

Todos os santos de Deus, rogai por nós! 

Fonte: Canção Nova