Finados

terça-feira, 1 de novembro de 2011 Diego Tales


 “Finados” vem do latim: “fines”, que quer dizer “limites”, “extremidades”. É pois o dia em que somos convidados para nos lembrar dos que ultrapassaram os limites da vida terrena. Partiram de nosso convívio. A Igreja desde os primórdios, faz a memória dos que foram desta vida, cuja lembrança guardamos nos escrínios das nossas saudades.

A Escritura Sagrada nos faz entender que nossos atos meritórios estão guardados nos celeiros de Deus e os nossos exemplos iluminam os que aqui ficaram à espera do chamado do autor da vida. Não sei se é também por isto que há os que acendem velas nos jazigos silenciosos dos nossos cemitérios. Não poderia este gesto ser o sinal de que as vidas destes antepassados foram exemplos de luz para os que ficaram?

A Igreja, após a festa litúrgica de todos os Santos, convida-nos a comemorar – isto é, a lembrar – os que nos precederam na morte não só rezando por eles, mas recordando seus exemplos, virtudes e méritos. E ao estimular-nos a rezar pelos mortos, a Igreja tem a convicção de que, como Corpo Místico que somos, como membros uns dos outros, podemos auxiliá-los a diminuir o retardo purificador em que se encontram.

Na vida humana, há dias e momentos de alegria e de festa e momentos de lembrança e saudade. Nesta ocasião lembramo-nos da partida para a eternidade daqueles que conviveram conosco. Podemos até dizer que essas mortes têm coloridos diferentes. Há as mortes das crianças que são como festivos repiques de sinos. Outras, como um ramalhete de flores que se oferece a Deus. Há os que morrem no anonimato das ruas, sem médico à cabeceira, sem que haja quem lhes chore uma lágrima. Já vimos alguma vez a morte de pessoa santa, cujo último gesto foi um ósculo de amor na imagem do Crucificado. Momento augusto o da morte, quando as luzes terrenas se apagam e a criatura se encontra com a claridade do olhar de Deus que vem para julgar.

Finados: um dia para recordar e para refletir. Um convite para erguer o olhar, à luz da fé, lembrando que temos um destino de felicidade que não termina, na contemplação da face luminosa de Deus: “Nós O veremos como Ele é” (1a Jo 3,2).


CNBB

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