Viver o pastoreio de maneira concreta na instância em que
Deus nos colocou. Com essa afirmação, a coordenadora nacional do
Ministério de Formação, Lucimar Maziero, conduziu seu ensino sobre o
tema do ano para a RCC em 2012, na primeira manhã do ENF, dia 27 de
janeiro. Confira o artigo abaixo:
Lucimar Maziero
Coordenadora nacional do Ministério de Formação
Grupo de Oração Javé Chamma
Coordenadora nacional do Ministério de Formação
Grupo de Oração Javé Chamma
Quando falamos em pastoreio, logo duas imagens nos vêm à mente: a do
pastor e a da ovelha. A figura do pastor nos ajuda a entender melhor as
habilidades necessárias para se exercer a função de apascentar. Já a
figura da ovelha, com suas características e demandas específicas, nos
faz refletir sobre o ato do pastoreio. Com isso, compreendemos que para
mergulhar no tema do ano da RCC não podemos esquecer que nosso chamado
ao pastoreio é aquele que nos coloca ora como pastores, ora como
ovelhas.
I – Figura do pastor
Encontramos na Sagrada Escritura diversas citações referindo-se a
pastores e ao trabalho do pastoreio. Desde o Antigo Testamento há o
chamado para o pastoreio das ovelhas do Senhor, como no livro do profeta
Ezequiel 34,11 -16. Nessa referência bíblica, aprendemos que o pastor
cuida de suas ovelhas conforme as necessidades que elas apresentam. Isso
nos ajuda a entender que somos chamados para sermos pastores segundo
aquilo que Deus sonhou para nós.
Esse modelo de pastoreio apresentado pelo profeta, no Antigo
Testamento, se tornou concreto em Jesus, como podemos perceber em João
10, 11: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor expõe a vida pelas suas
ovelhas”. Na pessoa de Jesus, encontramos duas maneiras distintas de
ensinar. Ele ensinava tanto as multidões como as pessoas, de forma
individual. A multidão que seguia Jesus pedia por cura, milagres,
prodígios e as pregações poderosas do Senhor manifestavam o que aquele
povo precisava ver e sentir. Ele pregou para grandes grupos, mas seu
trabalho mais importante foi o de formar discípulos. Tomou os doze para
acompanhá-Lo, para formá-los, fazê-los crescer. Dos doze, Jesus escolhe
três e ainda dos três, escolheu um para ser o líder: Pedro! Nós também
seremos chamados a trabalhar dessa forma: em certos momentos ensinar
multidões e, em outros, formar discípulos.
Outro ponto importante é nos darmos conta de que se hoje podemos
conhecer, viver e proclamar a Palavra, foi porque antes de nós vieram
discípulos que foram fiéis aos ensinamentos de Jesus. Então, nós, mesmo
na qualidade de pastores , não podemos nos esquecer de sentar aos pés
do mestre. Viver o pastoreio é viver aos pés de Jesus.
Ainda no capítulo 10 do Evangelho de João, Jesus nos ensina “Eu sou a
porta das ovelhas” (v 7). Naquela época, pastores de diferentes
rebanhos se encontravam nos prados para passar a noite. As ovelhas
passavam pelo portão. Era comum que ficasse naquele espaço mais de um
pastor e, em algumas situações, os pastores podiam contratar vigias para
auxiliar no trabalho. Entretanto, quando aparecia um lobo e o vigia se
via em perigo, muitas vezes ele fugia e deixava a vida das ovelhas
expostas. “Por isso Jesus vem dizer que é a porta, pois Ele protege as
ovelhas de qualquer perigo e está sempre vigilante. Esse é o papel que
nós, lideres, deveríamos exercer, remetendo-nos sempre a Jesus que cuida
das ovelhas contra o lobo e o ladrão. O verdadeiro pastor não dá só o
aconchego para as ovelhas, dá defesa. Eu sou a porta também significa eu
defendo as ovelhas”. O pastor se expõe pelas ovelhas, não parando
diante dos sofrimentos e das tribulações, mas dando a vida pelo rebanho.
II – A quem pastoreamos
Ao assumirmos uma coordenação, não estamos apenas assumindo um
trabalho, mas uma missão linda e exigente: pastorear filhos amados de
Deus. Nesse ponto, a figura da ovelha nos auxilia a entender melhor
algumas coisas importantes. Sabemos que as ovelhas são animais ingênuos
que não sabem diferenciar entre as boas e más pastagens. Aqui, podemos
ver como Deus confia em nós ao nos dar essa missão. Isso porque
pastorear, muitas vezes, é cuidar das ovelhas que estão feridas,
machucadas, distantes. Pessoas que, antes de se encontrarem com Jesus,
se encontraram com os vícios, com as suas realidades todas desordenadas.
Como pastores, podemos ser os primeiros a ajudar esses irmãos a
ordenarem suas histórias de vida para o amor.
Além disso, a ovelha é impulsiva, principalmente em relação à comida.
Quando encontra boas pastagens, ela come de forma descontrolada ao
ponto de correr o risco de cair e, por não conseguir levantar, morrer
por asfixia. Para evitar que isso aconteça, o pastor precisa andar no
meio das ovelhas e erguê-las caso estejam caídas. Podemos comparar essa
característica da ovelha com a empolgação de muitas pessoas no início da
sua caminhada de fé. Muitos irmãos ficam tão animados que querem fazer
tudo, participar de tudo, ao ponto de descuidarem de outros aspectos da
vida como família, trabalho, estudos. O pastor precisa estar atento para
que a pessoa não pule etapas em sua caminhada, de forma a incentivar um
amadurecimento sólido e evitar grandes decepções e feridas.
Outra característica marcante da ovelha é ser medrosa. Quando a
ovelha não ouve a voz conhecida do seu pastor, fica muito amedrontada e
se torna presa fácil para o lobo. Sendo assim, a presença e a voz do
pastor precisam dar segurança para a ovelha. O que falamos dentro das
instâncias que coordenamos tem um peso muito grande para o povo. Mais
que telefonar, mandar email, ver se está tudo bem, precisamos ter uma
voz de comando e assumir uma posição de risco para defender o rebanho.
Sendo assim, se há fofoca no meio do nosso Grupo, precisamos combatê-la.
Se as pessoas estão sem comprometimento, precisamos ir atrás. Se alguém
está doente ou afastado, vamos visitar. Precisamos aprender a ser
vínculo de unidade. Viver o pastoreio é promover a unidade e defender o
nosso povo, nosso Movimento, o nosso ministério.
III – Como deve pastorear?
Toda profissão apresenta características próprias de sua função, isso
não é diferente com o pastor. Uma das primeiras características, se não
a mais importante, se refere à pergunta que Jesus faz a Pedro: “Amas-me
mais que esses?”(cf Jo 21,15). O amor é essencial para exercer o
ofício do pastor.
Toda a visão do líder também precisa partir do amor, pois a postura
que se espera do pastor é que seja sempre ele quem vá a busca das
ovelhas. Para tanto, é importante que os líderes saibam formar equipes
de pastoreio para auxiliá-los nessa missão e que conheçam bem o
Movimento ao qual pertencem, a fim de que possam conduzir todo rebanho
às boas pastagens e às águas refrescantes.
Com visão ampla e conduta de zelo que proporcione o contato fraterno
entre todos que fazem parte do rebanho, o pastor deve expor a sua vida
por amor. Aquele que vive o amor espalha a fragrância de Cristo, o
perfum
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