Todos os nossos pecados – passados,  presentes e futuros – são perdoados de uma vez por todas quando nos  tornamos cristãos? Não, de acordo com a Bíblia ou com os primeiros  Padres da Igreja. A Escritura não afirma em nenhum lugar que os nossos  pecados futuros são perdoados. Ao contrário, Ela nos ensina a orar: "E  perdoai-nos as nossas dívidas, como nós também temos perdoado aos  nossos devedores." (Mt 6:12). 
O meio pelo qual Deus perdoa pecados  depois do batismo é a confissão: "Se reconhecemos os nossos pecados,  (Deus aí está) fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos  purificar de toda iniquidade." (1Jo 1:9). Pecados menores ou  veniais podem ser confessados diretamente a Deus, mas para pecados  graves ou mortais, que esmagam a vida espiritual da alma, Deus instituiu  um meio diferente para obter perdão: o sacramento conhecido  popularmente como confissão, penitência  ou reconciliação.
Este sacramento está enraizado na missão  que Deus deu a Cristo como o Filho do Homem na terra para ir e perdoar  pecados (cf. Mt 9:6). Assim, a multidão que testemunhou esse novo poder "glorificou  a Deus por ter dado tal poder aos homens." (Mt 9:8; observe o  plural "homens"). Depois da Sua ressurreição, Jesus transmitiu Sua  missão de perdoar pecados aos seus ministros, dizendo-lhes "Como o  Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós... Recebei o Espírito  Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados;  àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos." (Jo 20:21–23).
Visto que não é possível confessar todas  as nossas muitas faltas diárias, sabemos que a reconciliação  sacramental é necessária apenas para pecados graves ou mortais – mas é  necessária, senão Cristo não teria ordenado isso.
Ao longo do tempo, mudaram as formas que  o sacramento foi administrado. Na Igreja primitiva, pecados  publicamente conhecidos (como apostasia) foram muitas vezes confessados  abertamente na igreja, embora a confissão privada com um sacerdote fosse  sempre uma opção para os pecados cometidos particularmente. Ainda  assim, a confissão não era apenas algo feito em silêncio a Deus por si  só, mas algo feito "na igreja", como o Didaqué (70 d.C.) indica.
As penitências também tendiam a ser  executadas antes e não após a absolvição, e elas eram muito mais  rigorosas que as de hoje (penitência de dez anos para o aborto, por  exemplo, era comum na Igreja primitiva).
Mas o básico do sacramento sempre esteve  lá, conforme revelam as citações seguintes. De especial significado é  seu reconhecimento de que a confissão e a absolvição devam ser recebidas  por um pecador antes de receber a Sagrada Comunhão, porque "todo aquele  que... come o pão ou bebe o cálice do Senhor de forma indigna será  culpado por profanar o corpo e o sangue do Senhor. "(1Cor 11:27).
A Didaqué
"Confessa teus pecados na igreja e não  eleves tua oração com uma consciência má. Este é o modo de vida... No  Dia do Senhor reuni-vos juntos, parti o pão e dai graças, depois de  confessares tuas transgressões para que teu sacrifício possa ser puro."  (Didaqué 4:14, 14:1 [70 d.C.]). 
A Carta de Barnabé
"Vós deveis julgar retamente. Vós não  deveis fazer um cisma, mas deveis pacificar aqueles que lutam por  trazer-vos reunidos. Vós deveis confessar vossos pecados. Vós não deveis  ir à oração com uma consciência má. Este é o caminho da luz." (Carta de  Barnabé 19 [74 d.C]).
Veritatis 
quinta-feira, 28 de julho de 2011
Diego Tales




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