“Tudo o que fizerdes, fazei-o de bom coração, como para o Senhor e não para os homens, certos de que recebereis, como recompensa, a herança das mãos do Senhor. Servi a Cristo, Senhor.” (Cl 3,23-24)
Quando eu tinha uns doze ou treze anos, a minha tarefa em casa era lavar a louça da janta. Porém, esse era um serviço que eu detestava fazer. Já acordava de manhã pensando que à noite teria que lavar a louça. Um dia, li numa revista um artigo com o título “Não Esqueça o Colorido.” Esse artigo dizia que se dermos o melhor de nós mesmos em todas as tarefas, por menos que gostemos delas, um dia acabaremos apreciando o que temos para fazer, pois veremos os bons resultados dos nossos melhores esforços. Dizia também que sempre acabamos por amar aquilo por que nos doamos. Portanto, dizia o autor do artigo, não pare só no desenho em preto e branco, faça também o colorido, faça além do que é esperado de você, dê o seu toque de dedicação, o seu toque de doação.
Resolvi, depois de ler o artigo, que daria o melhor de mim ao lavar a louça, eu a lavaria muito bem, daria meu toque pessoal. E assim fiz. O meu desafio foi uma cafeteira que por ser velha já estava com sujeira entranhada, provavelmente por ter sido lavada de má vontade, provavelmente por mim mesma. Eu quase gastava as minhas mãos esfregando aquela cafeteira, bem como o resto da louça, todas as noites. A cada lavada a cafeteira brilhava mais e a minha mãe começou a notar o meu “colorido”. Começou a me elogiar para as pessoas, dizendo o quanto eu era caprichosa e, é claro, isso me deixava muito feliz. Agora, quando eu acordava de manhã eu me alegrava com o fato de ter que lavar a louça de noite, passei a amar o que fazia.
Senti, em oração, que deveria contar para vocês sobre esse artigo e o seu efeito na minha vida. Penso que isso nos remete também ao que o Papa João Paulo II dizia quando falava da “mais alta medida da vida cristã”. Ele nos pedia para não nos contentarmos com nada menos do que o melhor em tudo o que fizéssemos. Ele dizia ainda: “Construí a cidade de Deus sobre a cidade dos homens”. Dar o melhor de nós, a mais alta medida, a Deus o melhor de nosso louvor, confiança e obediência, o melhor de nosso tempo na oração, o melhor de nossos talentos na missão; aos outros dar o melhor de nosso serviço, o melhor de nosso sorriso, o melhor de nosso perdão, o melhor de nossa paciência; a nós mesmos dar o melhor de nossa determinação de sempre fazer o melhor possível, de nunca esquecer o colorido.Tenho certeza que Deus não nos criou para que a nossa vida seja em preto e branco. Ele a quer colorida, cheia de sentido, feliz, realizada.
Assim como eu fiz com a cafeteira, podemos começar escolhendo uma área específica da nossa vida para tirar a sujeira entranhada, para fazer brilhar e, assim, fazer a nós e aos outros felizes.
Maria Beatriz Spier VargasSecretária-geral do Conselho Nacional da RCCBRASIL
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